quinta-feira, 5 de junho de 2014

Projeto Livro Livre


O “Projeto Livro Livre” é uma iniciativa que propõe o compartilhamento, de forma livre e gratuita, de obras literárias já em domínio público ou que tenham a sua divulgação devidamente autorizada, especialmente o livro em seu formato Digital. 

No Brasil, segundo a Lei nº 9.610, no seu artigo 41, os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento. O mesmo se observa em Portugal. Segundo o Código dos Direitos de Autor e dos Direitos Conexos, em seu capítulo IV e artigo 31º, o direito de autor caduca, na falta de disposição especial, 70 anos após a morte do criador intelectual, mesmo que a obra só tenha sido publicada ou divulgada postumamente. 

O nosso Projeto, que tem por único e exclusivo objetivo colaborar em prol da divulgação do bom conhecimento na Internet, busca assim não violar nenhum direito autoral. Todavia, caso seja encontrado algum livro que, por alguma razão, esteja ferindo os direitos do autor, pedimos a gentileza que nos informe, a fim de que seja devidamente suprimido de nosso acervo. 

Esperamos um dia, quem sabe, que as leis que regem os direitos do autor sejam repensadas e reformuladas, tornando a proteção da propriedade intelectual uma ferramenta para promover o conhecimento, em vez de um temível inibidor ao livre acesso aos bens culturais. Assim esperamos!

Até lá, daremos nossa pequena contribuição para o desenvolvimento da educação e da cultura, mediante o compartilhamento livre e gratuito de obras sob domínio público, como estas que disponibilizamos gratuitamente em formato PDF.

É isso!


Iba Mendes
iba@ibamendes.com

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Os "fast-food" da fé

“Alguns, entre os quais o João Pintor, justificam freqüentar os ‘bíblias’, porque estes – dizia ele – não era como os padres, que para tudo, querem dinheiro” - Lima Barreto, em “Clara dos Anjos”.

Quando o nosso grande escritor Lima Barreto compôs sua obra “
Clara dos Anjos”, em 1922, os protestantes eram chamados pejorativamente de os “bíblias”. Embora o catolicismo não fosse mais religião oficial do Brasil (os republicanos deram um basta na oficialidade desse privilégio religioso), os “bíblias” ainda eram uma minoria irrisória naquele momento. A Igreja Católica exercia forte pressão contra as demais religiões, principalmente contra esses tais “bíblias”, os quais freqüentemente eram coagidos a abandonar sua fé, ao mesmo tempo em que eram acusados de práticas heréticas. Ser um “bíblia” era opor-se ao pensamento religioso dominante. Significava, portanto, estar à margem da verdadeira fé cristã, obviamente a católica apostólica romana.
O fim da hegemonia católica significou a abertura para novas formas de manifestações religiosas. Em 1910, por exemplo, Gunnar Vingren e Daniel Berg, dois missionários suecos, fundaram a Igreja Assembléia de Deus, dando início ao movimento Pentecostal no Brasil. A partir daí os protestantes começaram a ramificar-se em distintas denominações, que arrastaram para si uma boa parcela dos adeptos do catolicismo. Já na década de 70 apareceu por aqui o neopentecostalismo, oriundo, principalmente, das tradicionais igrejas evangélicas. Esse movimento destacou-se pela ênfase dada aos benefícios materiais que poderiam advir da fé, daí ser conhecido também como “movimento da fé”. Seus principais expoentes no Brasil são: Edir Macedo, R. R. Soares, Jorge Tadeu, Valnice Milhomes, Estevam Hernandes, Silas Malafaia, entre outros, a maioria dos quais “inspirados” em líderes religiosos americanos como Benny Hinn, Kenneth Hagin, T. L. Osborn, Fred Price, Hobart Freeman, Charles Capps, Jerry Savelle, John Osteen, Lester Sumrall etc. Em seu livro “Super Crentes”, o teólogo Paulo Romeiro, sintetiza a ideologia desses pregadores da seguinte forma: “Seus líderes apregoam que os humanos possuem a natureza divina, que consultar médicos ou tomar remédios é pouco recomendável para o cristão, que Jesus foi milionário e que a soberania de Deus é limitada pela vontade humana”.
Outra característica, e essa seja talvez a mais realçada entre todas, diz respeito à questão financeira, ao "vil metal". A famigerada Teologia da Prosperidade, que rege o movimento, tornou-se numa eficientíssima ferramenta de enriquecimento por intermédio da exploração da fé alheia. Muitos desses líderes construíram verdadeiros impérios financeiros, como o famoso caso do proprietário da Rede Record de televisão, que já abriu “franquias” de suas “fábricas da fé” por diversas partes do mundo, inclusive na Europa. A chantagem emocional nos cultos, com a qual se oferece o “melhor dos mundos” (bom emprego, saúde, carro do ano, mulheres e maridos fiéis e dedicados etc.) aos que se “comprometem com Deus”, cada vez mais requinta-se, transformando-se numa poderosa arma publicitária para fazer lotar ainda mais os seus templos. A mais recente moda, agora, chama-se “trízimo”: 10% para o pai, 10% para o filho e 10% para o espírito santo. Quanto mais no “fundo do poço” encontra-se uma pessoa, mais suscetível ela se torna aos clamorosos apelos desses gananciosos pregadores. Em seus cultos poucas passagens bíblicas são tão repetidas quanto o “trazei o dízimo”, que aparece no Antigo Testamento da Bíblia. O motivo parece óbvio, afinal, é com os dízimos suados dos “irmãos” que eles ostentam seus luxos e mantêm suas boas vidas. “Mas não obrigamos ninguém a dar o dízimo”, dizem eles em seus melhores papéis de autores. Todavia, se para ter meus problemas financeiros resolvidos ou se para ter a cura para minha enfermidade, eu preciso oferecer o “meu melhor” para Deus, neste caso, a “obrigatoriedade” explicita-se sob a forma de extorsão espiritual”. Ninguém que, freqüentando habitualmente uma dessas igrejas, e que, ouvindo assiduamente acerca dos “maravilhosos benefícios” advindos do ato de dar, há de permanecer inerte a tão exaltados apelos. A consciência fragilizada dessa pessoa fatalmente será adestrada sob fervorosos gritos de glória a Deus e aleluias.
Enquanto isso, o “ungido de Deus” viaja confortavelmente em seu jatinho particular e manda seus abençoados filhos para estudar na terra do Tio Sam, de onde retornarão doutores e, quiçá, prontos para seguir os mesmos e prósperos passos do pai.

É isso!

domingo, 4 de julho de 2010

Lula: popular e populista

Charge: Adilson
Segundo recentes pesquisas, o percentual dos eleitores que acham a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ótima ou boa é de 75%, e nada menos do que 86% aprovam sua maneira de governar.
O que, afinal, faz do governo de Lula uma quase unanimidade popular, num país onde a pobreza e a miséria persistem como uma gangrena terrivelmente mal tratada? Como entender que, numa nação com um tão elevado índice de violência, um governante seja assim tão popularmente aclamado? Quais as razões para se elevar o prestígio de um político quando a saúde, a educação e a desigualdade social do país encontram-se numa situação de caos deplorável?
Bem, para início de conversa, faz-se mister realçar que unanimidade e popularidade nunca foram sinônimos de progresso, e jamais refletiram benfeitorias sociais e políticas numa determinada nação. O ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad, por exemplo, tem lá uma alta aclamação popular em sua terra, contudo, tal fato em si não possui nenhuma significância diante da calamitosa realidade em que vivem a população daquele país. Durante o governo de Getúlio Vargas, sua estima pública era de uma concordância quase geral no Brasil, todavia, esta situação apenas servia de camuflagem para sua política populista e hipócrita: o pai dos pobres e a mãe dos ricos!
A popularidade e a quase unanimidade de Lula parecem guiar-se por semelhantes atalhos. Entre os pobres, pelo assistencialismo, muito bem tipificado em programas tais como o Bolsa Família e o Fome-Zero (estive recentemente no nordeste e pude averiguar a relevância dessas medidas populistas para os sofridos moradores daquela região). Entre a classe média, explica-se, entre outros motivos, pela facilidade aos bens de consumo (tornou-se fácil adquirir-se um automóvel em 360 “suaves” prestações). Já entre a classe rica, aquela que mais se beneficiou com a política vigente, faz-se compreender pela manutenção de uma política econômica de juros exorbitantes (minha vizinha comprou um computador e ao fim das prestações pagará 50% do valor real em juros). Nunca os bancos tiveram tanto lucro como atualmente. Como diz a canção: “estão rindo á-toa”!
Não sou anti-petista nem defendo qualquer outra ideologia política. Apenas me recuso a ser embalado pelo "suave" canto da sereia de um Lula, que - politicamente - desfigurou seus ideais socialistas em prol de uma elite sanguessuga, que apenas está preocupada em "comprar café e vender Nescafé".

É isso!